O 59º Festival de Cinema de Solothurn, uma vitrine das mais recentes produções suíças, destaca os temas polêmicos da imigração e das restrições aos direitos de protesto. A questão que se coloca é se a Suíça está preparada para encarar tais debates. (…)

Tempos difíceis para ser rebelde

Complementando essa presença generalizada da migração como tema de conversa, a programação de Solothurn também incluiu sua cota de filmes que abordam a história e o estado atual do ativismo político transgressor na Suíça – especialmente da variedade de esquerda, antirracista e antixenofóbica.

Isso também se reflete na escolha dos vencedores do festival: Em Autour du feu (Em volta do fogo), de Laura Cazador e Amanda Cortés, que recebeu o prêmio do júri de melhor primeiro ou segundo longa-metragem, os veteranos do grupo armado anticapitalista Fasel Gang, que atuou na Suíça entre 1977 e 1991, participam de um bate-papo com representantes de vários grupos ativistas atuais, incluindo o movimento ambiental Extinction Rebellion e vários coletivos antirracistas.

Entretanto, se Solothurn é uma chance de medir a temperatura cultural da Suíça, também é necessário reconhecer que o festival, como uma instituição de elite que lida com arte narrativa, não é o lugar para procurar soluções para os problemas e condições que seu programa destaca.

Apesar de todo o trabalho bem-intencionado de filmes como A Audiência, Meu Exército Suíço e Em Volta do Fogo, é preciso resistir à tentação de equiparar seus esforços para se envolver em debates complexos com a Suíça em geral fazendo o mesmo.

Os prêmios foram entregues, os holofotes se apagaram, mas o processo de requerimento de asilo na Suíça continua sendo um pesadelo burocrático para muitos, e o discurso público sobre formas aceitáveis de protesto continua perigosamente tenso. Solothurn estabeleceu o modelo para um diálogo nacional, mas será que o resto do país seguirá o exemplo?

Editado, traduzido e adaptado do original em inglês por Eduardo Simantob